Apresentação


Este blog destina-se a profissionais, estudantes e demais interessados nas áreas da Ciência da Informação, Arquitetura da Informação, Ciência da Computação, Tecnologia da Informação e História da Ciência, constituindo-se como um espaço para a publicação e discussão de temas que contribuam para a compreensão e desenvolvimento destas áreas

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Confissão e Apelo


Meus caros leitores, venho a público fazer uma confissão:

Desde que iniciei a postagem deste blog, em dezembro último, influenciado por um fillme que assisti (Julie@Julia) e com a intenção de publicar um livro sobre a história da ciência da computação à medida que fosse sendo escrito, como na história do tal filme, pude constatar que talvez este seja o modo mais rápido e eficaz de se arrepender de fazer alguma coisa. Em geral, não tenho levado mais que um dia para que isto ocorra. 

A cada nova postagem, logo é percebido um parágrafo estruturado de maneira horrorosa, a ausência de alguma informação importante, erros de digitação, de ortografia ou gramática que passaram despercebidos e que o editor de texto também não detectou... enfim, o pesadelo de um de autor estreante (e nas horas vagas). Peço sinceras desculpas.

Em respeito a vocês, e para compensar o sofrimento infringido com a leitura destes primeiros textos in natura, resolvemos revisar cuidadosamente (mais uma vez) e republicar todo o material postado anteriormente, o que será feito em breve.

Em troca, gostaria de pedir algo que seria de considerável valor para este que vos escreve - seus sinceros comentários e, principalmente, críticas. Prometo que irei suportá-los com galhardia !! 

Para aqueles que se dispuserem a ceder seu tempo nesta tarefa, prometo uma edição especial  autografada do primeiro volume, que espero conseguir terminar até o final deste ano, além, naturalmente, de fazer constar seu nome nos agradecimentos de praxe. Sei que não é muita coisa, mas o que conta pra valer é a contribuição para facilitar o desafio deste dublê de escritor e blogueiro de primeira viagem .

Com a sua ajuda, espero que o prazo para o arrependimento não seja mais tão curto.

Saudações de um blogueiro em crise.



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Um tributo à Irena Sendler


Hoje, 06 de agosto de 2010, completam-se 65 anos do bombardeio atômico à cidade japonesa de Hiroshima, ocorrido ao amanhecer daquele outro dia 06 agosto. A lembrança deste ataque, percebido talvez como um dos momentos mais desumanos da nossa História, motivou-nos a divulgar a história de Irena Sendler, que nos mostra ser possível manter viva a essência humana, mesmo em meio a situações desumanas.

"Sucede com frequência que os espíritos mais mesquinhos são os mais arrogantes e soberbos, assim como os espíritos mais generosos são os mais modestos e humildes."
René Descartes

Adolf Hitler iniciou relativamente cedo sua jornada rumo ao poder. Austríaco de nascimento, partiu aos 19 anos de idade de sua cidade natal, Braunau Am Inn, rumo à Viena, capital do império e centro cultural da Europa, tendo por objetivo dedicar-se às artes. Apesar de possuir um razoável talento para a pintura, Hitler seria seguidamente frustrado em suas tentativas de ser admitido na Academia de Artes de Viena, afastando de si aquela que talvez tenha sido a primeira das várias oportunidades desperdiçadas, de que a sua vida, e por consequência a de milhões de outras pessoas, tomasse caminhos completamente diferentes. Mas o destino assim não o quis e, através de seus inusitados caprichos, faria com que Hitler, que resolvera fixar residência em Viena, viesse a conhecer Karl Lueger (1844 – 1910), o prefeito da cidade e líder do partido social-cristão. Reconhecido por seu anti-semitismo e por defender políticas racistas contra todas as minorias de língua não alemã do Império Austro-Húngaro, Karl Lueger teria um papel importante na formação da personalidade de Hitler, tornando-se uma fonte de inspiração e influência que o levaria a perceber e se utilizar do poder da oratória, além de convencer-se das vantagens de uma política anti-semita.

Dez anos após chegar a Viena, decepcionado pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, Hitler resolveria dar uma guinada em sua vida, conforme relato do professor de história e escritor húngaro John Lukacs (1924 - ):

"...Ele (Hitler) era um soldado ferido, sozinho em um hospital, quando soube, em novembro de 1918, da notícia da derrota e queda do Segundo Reich alemão. Então: "Decidi tornar-me um político." Assim ele concluiu a primeira, e autobiográfica, parte de Mein Kampf. Ele reafirmou isso, incluindo-o num longo discurso, relativamente desconhecido mas muito impressionante, aos oficiais alemães em maio de 1944: "Quando, no ano de 1918, decidi tornar-me um político, isso significou a total transformação de toda a minha vida." (238)

Assim, sonhando com a união da Áustria e da Alemanha desde a sua juventude, Hitler chegou ao poder, quinze anos depois de sua decisão de tornar-se um político, em 30 de janeiro de 1933. Ao ser nomeado chanceler, selou o fim da República de Weimar, uma democracia parlamentarista estabelecida na Alemanha após o término da Primeira Guerra Mundial, iniciando o domínio do partido nazista e a criação do Terceiro Reich. Uma vez no poder, e decididos a manterem-se assim, os nacional-socialistas perseguiram e eliminaram toda a oposição, consolidando-se como um Estado de partido único. Com o controle total da Alemanha em suas mãos, reintroduziu o serviço militar obrigatório em 1935 e, no ano seguinte, partiu para executar seu plano de ação para a criação da Grande Alemanha. 

Algumas referências encontradas na Enciclopédia do Holocausto, do Museu Memorial do Holocausto, em Washington D.C., podem nos fornecer uma visão da política interna nazista, implantada logo após a chegada de Hitler ao poder: 

"...a Alemanha nazista (também chamada de Terceiro Reich) rapidamente tornou-se um regime no qual os alemães não possuíam direitos básicos garantidos. Após um incêndio suspeito no Reichstag, o parlamento alemão, em 28 de fevereiro de 1933, o governo criou um decreto que suspendia os direitos civis constitucionais e declarou estado de emergência, durante o qual os decretos governamentais podiam ser executados sem aprovação parlamentar.  

Nos primeiros meses da chancelaria de Hitler, os nazistas instituíram uma política de "coordenação"—o alinhamento dos indivíduos e instituições com os objetivos nazistas. A cultura, a economia, a educação e as leis passaram ao controle nazista. O regime nazista também tentou "coordenar" as igrejas alemãs e, apesar de não obter sucesso total ganhou apoio da maioria dos clérigos católicos e protestantes.

Uma ampla campanha de propaganda foi levada a efeito para disseminar os objetivos e ideais do regime. Com a morte do presidente alemão Paul von Hindenburg em agosto de 1934, Hitler assumiu os poderes da presidência. O exército fez a ele um juramento de lealdade pessoal. A ditadura de Hitler baseava-se em suas posições como Presidente do Reich (chefe de estado), Chanceler do Reich (chefe de governo), e Führer (chefe do Partido Nazista). Segundo o "princípio Führer", Hitler colocava-se fora do estado de direito e passou a determinar as questões políticas.

Hitler tinha a última palavra tanto na legislação nacional quanto na política externa alemã. Esta última era guiada pela crença racista de que a Alemanha era biologicamente destinada a expandir-se para o leste europeu por meio de força militar, e de que uma população alemã, maior e racialmente superior, deveria ter domínio permanente sob o leste europeu e a União Soviética. Nesta crença as mulheres exerciam um papel muito importante como reprodutoras. A política populacional agressiva do Terceiro Reich encorajava as mulheres "racialmente puras" a darem à luz ao maior número possível de crianças "arianas"." (280)

Apesar de todos os horrores perpetrados durante a Segunda Guerra Mundial e do sentimento generalizado de inconformidade que ainda se faz presente nos dias atuais, é de suma importância, para que não se cometa graves injustiças, que se reconheça, e não se cobre de um povo inteiro, a responsabilidade pelas atrocidades cometidas por seu ditador. Hitler, inegavelmente um mestre da psicologia humana, era senhor de habilidades especiais que lhe rendiam uma fidelidade devocional de suas tropas e oficiais, além de possuir um dom de oratória capaz de deixar multidões em transe durante seus discursos. Porém, uma parte significativa do povo alemão não se deixava seduzir pelas palavras do Führer ou compartilhava dos ideais do nazismo. Em muitos casos, eram frontalmente contra as idéias e métodos utilizados pelos comandantes do Terceiro Reich, o que os colocava em um grupo de risco no qual ser flagrado demonstrando tais inclinações poderia significar a própria morte e a de seus familiares. Ainda assim, apesar deste elevado risco, muitos heróis anônimos decidiram agir contra a ditadura nazista, facilitando a obtenção de informações pelos aliados, sabotando os esforços de guerra da Alemanha ou contribuindo diretamente para salvar um grande número de pessoas dos campos de extermínio.
O escritor Nassim Taleb nos remete à importância de se corporificar as idéias através de exemplos reais, conforme o seu pensamento transcrito a seguir, e que entendemos ser oportuno aplicá-lo neste momento:

"Metáforas e histórias são muito mais potentes do que idéias (infelizmente); elas também são mais fáceis de se lembrar e mais divertidas de se ler. Idéias vêm e vão, histórias ficam." (310)

Assim, em sintonia com a avaliação de Taleb, resolvemos propagar uma história que tem circulado recentemente pela internet e nos foi repassada pelo amigo e jornalista carioca Carlos Alberto Teixeira. Trata-se de Irena Sendler (1910- 2008), uma mulher polonesa e católica, responsável por salvar milhares de crianças judias dos horrores do holocausto. A seguir relatamos tal história, mostrando ser possível manter viva a essência humana, mesmo em meio a situações desumanas:

Irena Sendler, uma senhora humanitarista de 98 anos, faleceu faz pouco tempo. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, como funcionária do Departamento de Bem-Estar Social, na Polônia, Irena conseguiu uma autorização, em de dezembro de 1942, para trabalhar no Gueto de Varsóvia como inspetora sanitarista, verificando possíveis sinais de contaminação por tifo, algo que os nazistas temiam que pusesse se espalhar para além dos portões do gueto. Porém, os seus planos iam bem além de verificar as condições sanitárias e examinar possíveis infectados.

Irena organizou a retirada de crianças judias, carregando-as, enquanto entrava e saía do gueto, em caixas, malas e carrinhos, que os soldados alemães queriam manter distância. Durante um surto de febre tifóide, a Sra. Sendler contrabandeava bebês e crianças pequenas para fora do gueto, em ambulâncias e carros elétricos, disfarçando-as por vezes como pacotes.

Enquanto lhe foi possível manter o trabalho no gueto, Irena conseguiu retirar e salvar cerca de 2.500 crianças judias, além de criar, com suas ajudantes, mais de 3.000 documentos falsos para auxiliar as famílias judias a escaparem para lugares fora do alcance do nazismo.

Por fim, em 1943, Irena Sendler foi capturada pela Gestapo, brutalmente torturada e condenada à morte. Durante o caminho para a execução, foi salva por um membro de sua organização que subornou os guardas alemães responsáveis por terminarem aquela tarefa. Os executores, convictos de estarem concedendo apenas um breve adiamento de sua morte, largaram-na na mata, inconsciente e com braços e pernas quebrados. 

A missão de Irena, porém, não havia terminado. Listada como executada e mantendo-se na clandestinidade, conseguiu se recuperar e continuar o seu trabalho de ajuda às crianças judias por todo o restante da guerra. 

Após o término do conflito, Irena esforçou-se para localizar as crianças e devolvê-las a seus pais. Ela havia mantido um registro detalhado com as identidades e laços familiares de todas as pessoas que conseguira retirar do Gueto, guardando estas informações em frascos de vidro enterrados próximos a uma certa árvore. Entretanto, a maioria daqueles pais haviam sido mortos no campo de extermínio de Treblinka ou desaparecido de alguma outra forma. Para aquelas crianças que tinham perdido os pais, Irena ajudou a encontrar casas de acolhimento ou famílias adotivas.

Em 2007, Irena Sendler recebeu uma indicação para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz... mas não chegou a ser selecionada. Quem o recebeu foi o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore (1948 - ), por seus estudos sobre as alterações climáticas e militância em defesa do meio-ambiente. Irena não passou à História como uma ganhadora do Nobel da Paz, mas, parafraseando Nietzsche, toda a humanidade ganhou com o seu exemplo, demasiado humano. (307)

Obs.: O texto publicado acima é um extrato do capítulo "A Segunda Guerra Mundial - Antecedentes", já postado anteriormente.

Arquivo pdf com o texto completo para consulta e download:

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Leibniz

Aproveitando uma breve pausa na pesquisa bibliográfica sobre a Segunda Guerra Mundial e surgimento dos primeiros computadores eletrônicos, resolvemos preencher uma lacuna anterior, com informações sobre a vida e contribuições de Leibniz.

"A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo."
Merleau Ponty

Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716), filho temporão de um professor de filosofia moral na Universidade de Leipzig, na Alemanha, nasceu em 1º. de julho de 1646, na cidade em que seu pai lecionava, quando o término da Guerra dos Trinta Anos (1618 – 1648) parecia já próximo. Sua mãe, Catharina Schmuck, terceira esposa de Friedrich Leibniz, o pai de Leibniz, se encarregaria de educá-lo após a morte do marido, em 1652. Filósofo e matemático por formação, Leibniz brindou o mundo com inúmeras idéias que estavam bem à frente de seu tempo. Autodidata, foi admitido na universidade de sua cidade natal aos 15 anos de idade, graduando-se dois anos mais tarde. Aos vinte, já havia se preparado para receber o título de doutor em direito na Universidade de Leipzig, porém este lhe foi negado, aparentemente, por ser considerado muito jovem. Apresentou, então, sua tese de doutorado, previamente redigida e intitulada De Casibus Perplexis in Jure (Sobre Casos Intrigantes), na Universidade de Altdorf, em Nuremberg, sendo agraciado com o respectivo título apenas quatro meses após ter se registrado no curso.*(328)

Senhor de variados interesses, Leibniz tem na matemática a sua maior influência, sendo considerado, entre outras coisas, o pai do cálculo diferencial e integral, importante ramo da matemática derivado da Álgebra e da Geometria, que tinha por objetivo original facilitar o cálculo de áreas e volumes.** O desenvolvimento desta disciplina, como uma longa corrida de bastão, recebeu a contribuição de inúmeras civilizações e matemáticos desde os tempos do Antigo Egito, passando pela Grécia, com a participação de Arquimedes, pela Índia, com Aryabhata e Bhāskara II, e por vários matemáticos da Idade Moderna até chegar em Leibniz e Sir Isaac Newton (1643 – 1727), que tiveram o mérito de recolher todas as idéias anteriores, acumuladas por mais de dois mil anos, complementando-as com uma nova forma de notação e de reuni-las de forma organizada em um corpo teórico unificado. Batizada de "Cálculo" por Leibniz e de "ciência dos fluxos" por Newton, a invenção desta nova ferramenta é legitimamente atribuída a ambos devido ao desenvolvimento de trabalhos simultâneos e independentes. No século 20, a utilização do Cálculo seria fundamental para o desenvolvimento da física quântica e da engenharia eletrônica, molas mestras na criação dos dispositivos semicondutores que permitiriam o surgimento e rápida evolução dos computadores eletrônicos.

Motivada por um surpreendente mal entendido, esta dupla paternidade do Cálculo se tornaria motivo de uma célebre e infeliz controvérsia entre estes dois renomados matemáticos. Aproximados talvez pelos vários interesses em comum, Leibniz e Newton passariam a se corresponder, mantendo de início um cordial relacionamento, sendo comum elogiarem-se mutuamente e referirem-se aos trabalhos um do outro como distintos e admiráveis, conforme comprovado por cartas trocadas com amigos em comum. Porém, segundo a versão mais aceita, contratempos e atrasos absurdos na troca da correspondência entre ambos, problema do qual nós ainda não estamos totalmente livres, fariam Newton crer que estivesse sendo ludibriado pelo alemão, conclusão a que chegou devido à publicação por Leibniz de trabalho sobre o Cálculo, aparentemente contendo métodos e informações descritos pelo inglês em carta enviada a Leibniz algum tempo antes de tal publicação. De sua parte, Leibniz que somente tomaria ciência desta carta meses após ter publicado sua obra, e sem ter como prever as conseqüências de sua habitual correspondência com Newton, responder-lhe-ia em seguida. Newton somente receberia a resposta à sua carta vários meses depois de tê-la enviado e de tomar conhecimento da obra de Leibniz. Enfurecido, apelou à Royal Society, instituição londrina da qual os dois eram membros, além de utilizar-se de métodos duvidosos e quiçá inescrupulosos para forjar acusações de plágio contra Leibniz. A verdade, entretanto, é que Leibniz havia completado seu trabalho sobre o cálculo infinitesimal, em 1676, enquanto passava quatro dias em companhia do filósofo Bento de Espinosa (1632 – 1677) em sua passagem por Amsterdam, a caminho de Hanover onde assumiria o posto de bibliotecário.

O sistema de notações do cálculo infinitesimal de Leibniz, considerado superior ao de Newton, tornaria-se o preferido pelos matemáticos continentais, e seria disseminado por todo o mundo e adotado até os dias atuais. A discórdia entre Newton e Leibniz, pelo reconhecimento da autoria do Cálculo, tomaria proporções de uma questão de Estado, ferindo o orgulho nacional e provocando a ruptura entre a ciência britânica e a do resto do continente europeu. Esta cisão, que somente seria apaziguada mais de um século depois, traria prejuízos maiores à Inglaterra, mantendo estagnado o desenvolvimento local da matemática por um longo período. Descansem em paz ilustres senhores, esta honra tão disputada, cabe a ambos. (5, 202, 324 e 326)

Como filósofo, Leibniz inquietava-se com a vida e com o modo como se deveria vivê-la. Porém, sua influência nesta área do conhecimento foi bem menos direta que na matemática, atuando de forma mais destacada como mentor. Seu principal discípulo, Johann Christian Wolff (1679 – 1754), matemático, físico e filósofo alemão, assumiria importante papel no desenvolvimento da filosofia dominante na Alemanha durante grande parte do século 18, exercendo forte influência sobre o também filósofo alemão Immanuel Kant (1724 – 1804). (325)
 
Em sua vida pessoal, contrastando com a caricatura do pensador solitário que jamais se casaria*, Leibniz, possuidor de uma personalidade carismática e enamorado pelo poder, preocupava-se em cultivar e manter extenso círculo social e intelectual, conhecendo desde príncipes e reis da Europa até os grandes pensadores de sua época.
 
Gottfried Leibniz 

Em suas atividades intelectuais, representou com maestria os papéis de cientista, inventor, engenheiro, jurista, historiador, diplomata, acadêmico, lógico, bibliotecário, linguista e teólogo, ignorando com deliberada elegância as fronteiras entre estas diferentes áreas do conhecimento. Um de seus traços mais marcantes diz respeito à sua visão otimista do mundo, independentemente do contexto de guerras e disputas religiosas que assolaram a Europa durante o século 17.
Apesar de ter-se mantido envolvido, por toda sua vida, em discussões e correspondências filosóficas, talvez por prudência, publicou tão pouco, estando a maior parte de seus pensamentos disponíveis apenas nas cartas que escreveu. Por outro lado, é de sua autoria o livro sobre a China mais prestigiado de seu tempo, sendo também o escritor responsável pela introdução pioneira da noção de inconsciente, afirmando, em sua peculiar lucidez, que podemos perceber algo sem que tenhamos tal percepção no exato momento da ocorrência.
 
Uma das mais surpreendentes sugestões de Leibniz, idéia que lhe custou significativa dedicação, centrava-se no desenvolvimento de uma linguagem e de uma lógica universais, definidas em conjunto como a “Característica Universal”. Esta que pretendia ser uma forma de conciliar a lógica, a retórica e a matemática, teria como objetivo reduzir a resolução de qualquer problema à tarefa bem mais simples de se efetuar cálculos racionais. Deste modo, uma eventual discordância entre cientistas de temperamento educado, qualquer que fosse o tema, poderia ser resolvida através destes cálculos, evitando-se intermináveis discussões estéreis. Caso esta sua idéia pudesse ser realizada, possivelmente seria comum que discussões intelectuais fossem encerradas com o seguinte chavão: ok, então vamos nos sentar e calcular quem está com a razão! (322 e 323)
 
    Para que possamos melhor situar Leibniz no campo da filosofia é preciso retratar os cursos de história da filosofia moderna, que por tradição costumam organizar o seu conteúdo tendo como base sete grandes filósofos, organizados segundo linhas de pensamento e correntes filosóficas definidas por Kant:
 
- O racionalismo continental, defendido por René Descartes (1596 – 1650), Bento de Espinosa e Leibniz, que restringiria o conhecimento genuíno somente àquele que pode ser alcançado pelo raciocínio dedutivo, através de operações mentais ou discursivas e do uso da lógica, sendo esta a corrente central do pensamento liberal; (312 a 315)
 
- O empirismo britânico, escola que historicamente se opõe ao racionalismo e valoriza a indução, postulando que todo conhecimento é constituído apenas a partir da percepção de experiências captadas por nossos sentidos físicos, é representada pelos filósofos John Locke (1632 – 1704), George Berkeley (1685 – 1753) e David Hume (1711 – 1776); (316 a 319)
 
- A terceira corrente filosófica, criada e representada pelo próprio Kant, propunha uma síntese do que haveria de correto tanto no racionalismo como no empirismo. (311)
 
Locke, principal expoente do empirismo, defendia a idéia de que a mente seria um quadro (tabula rasa), originalmente vazio, no qual todas as impressões advindas dos sentidos seriam gravadas, criando a base de todo conhecimento. Nesta corrente filosófica, todas as pessoas nasceriam com suas mentes absolutamente vazias e todo processo de aprendizado e aquisição de conhecimento seria conduzido pela experiência sensorial, através do método de tentativa e erro. Por outro lado, o racionalismo pregava que o ser humano já nasceria com certas idéias inatas a cerca das verdades universais e que, à medida que fosse amadurecendo, tomaria consciência destas idéias que aflorariam à sua mente, podendo então compreender os fenômenos percebidos através dos sentidos. Assim, por esta escola filosófica, o conhecimento independeria dos sentidos físicos. 
 
O enquadramento de Leibniz no modelo kantiano sempre apresentou dificuldades aos historiadores da filosofia devido às características de sua abordagem filosófica, notadamente menos racionalista que as de Descartes ou Espinosa. Tal constatação tem alimentado uma tendência crescente por considerar-se a lógica formal como o foco do pensamento de Leibniz, chegando-se ao ponto de interpretar-se que sua filosofia seja derivada de sua lógica, apesar de eventuais peculiaridades da obra filosófica de Leibniz não ter qualquer relação com a lógica.
 
Estas aparentes contradições, são esclarecidas pelo escritor inglês e professor de filosofia, George MacDonald Ross, reconhecido por seu domínio sobre o tema:
 
"Na verdade, Leibniz ocupava uma posição na interface entre a visão de mundo holística e vitalista da Renascença e o materialismo atomista e mecanicista que iria dominar os séculos XVIII e XIX... muitas de suas idéias eram demasiado radicais para sua época, só tendo sido adotadas bem mais tarde – à vezes, só em nosso século. Seria demasiado rigoroso julgá-lo simplesmente pelas idéias que mais tarde se tornaram parte de nossa visão de mundo. Tal como ocorre com todos os grandes filósofos, sua obra sem dúvida contém um potencial até agora não reconhecido.

Outra distorção comum é ver Leibniz como primordialmente um filósofo, como se seu papel na vida fosse o mesmo de um filósofo profissional do século XX. Não somente ele nunca teve um emprego de professor de filosofia como a gama de seus interesses tinha tal amplitude que sua obra filosófica não passava de uma atividade entre muitas. Ele foi, como bem o denominam os alemães, um Universalgenie, um "gênio universal". Um relato justo de sua realização tem de situar sua filosofia no contexto de todas as outras coisas que ele fez. Só então é possível verificar até que ponto Leibniz, longe de ser o racionalista extremo que Kant o fez ser, na realidade procurava criar uma nova síntese a partir dos conflitos aparentemente irreconciliáveis entre tradições anteriores em várias esferas de atividade intelectual." (320)
 
Como base de sua filosofia, Leibniz defendeu o que chamou de "princípio da razão suficiente", pelo qual afirmava que nada acontece sem uma razão. Esta tese pregava que, dada uma infinidade de escolhas possíveis à Deus, ele somente escolheria o melhor de todos os mundos possíveis. Significativa também foi a influência de sua lógica, destacando-se a "lei dos indiscerníveis", a qual estabelecia que se duas coisas forem idênticas, então tudo o que se aplica a uma deve necessariamente se aplicar a outra. (106)

Em janeiro de 1673, cruzando a ponte entre o mundo das idéias e o mundo da experimentação, Leibniz apresentou, em Londres, uma máquina de calcular mecânica por ele projetada e chamada de "Stepped Reckoner" (Calculador por Etapas), que além de somar e subtrair, suportava operações de multiplicação e divisão com algarismos de até 12 dígitos e fornecia resultados com até 16 posições numéricas.
 
Naquela época, mesmo as pessoas consideradas instruídas apresentavam sérias dificuldades no trato com a matemática, raramente sendo capazes de efetuar, ou sequer compreender, simples operações de multiplicação, e muito menos de divisão. Tal situação, atribuiria ao equipamento de Leibniz uma importância maior do que hoje poderíamos avaliar, despertando a atenção de ilustres membros da Royal Society, instituição para a qual Leibniz viria a ser eleito membro, em abril de 1673, antes mesmo que o projeto estivesse completado. Este instrumento, na verdade um aperfeiçoamento da Pascaline, teve sua construção motivada pela determinação de Leibniz em simplificar os infindáveis cálculos de astronomia realizados pelo astrônomo holandês Christian Huygens (1629 – 1695), por ocasião do encontro que tiveram em Paris, no ano anterior, conforme registro do próprio Leibniz: (326)
 
"Não é digno de homens notáveis desperdiçar seu tempo com um trabalho de escravos, o cálculo, que poderia ser designado à qualquer um, ajudado por uma máquina.
Leibniz
 
Calculadora de Leibniz, 1673
A calculadora de Leibniz, expandindo a capacidade de somar da máquina de Pascal, realizava operações de multiplicação através de repetidas operações de soma. Assim, para calcular a operação doze vezes seis, sua máquina somava seis vezes o número doze.
Esta técnica de subdividir operações aritméticas em outras de menor complexidade, associada aos princípios mecânicos utilizados por Leibniz, serviriam de inspiração para as futuras gerações de máquinas de calcular, por mais de 250 anos, sendo empregados tanto nas máquinas manuais à manivela dos séculos 18 e 19, como nas calculadoras elétricas da primeira metade do século 20.


Reconstrução do Stepped Reckoner

Motivo de orgulho para seu inventor, o Stepped Reckoner adquiriria um certo status de nobreza. Leibniz construiu uma unidade deste equipamento especialmente para o imperador russo Pedro, O Grande (1672 – 1725), que posteriormente viria a ser presenteada ao imperador da China, como demonstração de superioridade da tecnologia ocidental.  (321)
 
Sem dúvida o Stepped Reckoner deve ser considerado um projeto bem sucedido em diversos sentidos, destacando-se o longo tempo necessário para que fossem superadas as inovações tecnológicas nele embarcadas. Esta questão, que se torna mais evidente quando comparada à rápida obsolescência dos atuais computadores pessoais, demonstra inequivocamente o quanto Leibniz estava à frente de seu tempo. Entretanto, mirando em um futuro ainda mais distante de seu próprio tempo, Leibniz nutria planos ousados em relação à evolução deste equipamento, pretendendo a longo prazo que uma versão mais poderosa de sua máquina de calcular pudesse ser construída e utilizada para mecanizar todos os processos do raciocínio, sustentando tecnologicamente o seu acalentado projeto da Característica Universal. Diante de tantas e surpreendentes descobertas científicas que surgem a todo momento, quem poderá dizer que um dia o sonho de Leibniz não alcançará a realidade, ultrapassando os limites da ficção? Nesse caso, é possível que o enquadramento da filosofia de Leibniz, segundo a visão de Kant, tenha de ser revisto pelos historiadores e filósofos do porvir com a conseqüente criação de uma nova categoria de pensadores... na qual, por favor, não se esqueçam de incluir Newton! (322)
 
De forma, talvez, nem tão surpreendente, os princípios desenvolvidos por Pascal e Leibniz permaneceram relativamente desconhecidos por cerca de cem anos, até que, em 1775, Charles Mahon, terceiro Conde de Stanhope (1753 - 1816), construísse na Inglaterra um dispositivo de multiplicação similar ao de Leibniz e, entre 1774 e 1776, Philip Mathieus Hahn, na Alemanha, também montasse com sucesso um equipamento com as mesmas funcionalidades. 
 
 
Arithmometer
Finalmente, em 1820, o matemático e inventor francês Charles Xavier Thomas de Colmar (1785-1870) criaria o Arithmometer, a primeira calculadora produzida em série, capaz de realizar operações de multiplicação utilizando os mesmos princípios da máquina de calcular de Leibniz. O Arithmometer, que ocupava quase uma mesa inteira, também podia executar operações de divisão, com a devida assistência do usuário. Máquinas deste tipo foram produzidas e comercializadas por quase noventa anos.(3 e 5)

Assim como no caso de sua máquina de calcular, o pleno reconhecimento das contribuições de Leibniz à área da lógica somente ocorreram depois que suas idéias foram redescobertas por George Boole (1815 – 1864), e após ele ter sido equiparado a um companheiro espiritual pelos principais idealizadores da lógica moderna, Gottlob Frege (1848 – 1925) e Bertrand Russel (1872 – 1970). Sob alguns aspectos, conforme o avalia G. MacDonald Ross, Leibniz permanece insuperável:
 
"...em termos de estilo e de espírito, ele muito se assemelhava a um Sócrates. Estava sempre em diálogo com os outros, tentando simpatizar com uma variedade de pontos de vista diferentes, mas pronto a se transformar em alguém filosoficamente incômodo diante de profissionais, especialistas e eruditos que suponham ter toda a verdade cerca de toda questão. É fácil defender o seguimento da tradição socrática, mas poucos o fizeram com tanto sucesso quanto Leibniz."

Gottfried von Leibniz, homem de profunda erudição e de saber universal, considerado, juntamente com Newton, uma das maiores inteligências dos séculos 17 e 18, morreu na Alemanha aos 70 anos de idade, vítima de gota, perseguido politicamente, solitário e, possivelmente, sentindo-se não realizado. Mas seus pensamentos e palavras continuarão ressoando, tanto para racionalistas como para empíricos, iluminando seus caminhos rumo à verdade.
 
"Entendo por razão, não a faculdade de raciocinar, que pode ser bem ou mal utilizada, mas o encadeamento das verdades que só pode produzir verdades, e uma verdade não pode ser contrária a outra."
Leibniz
  
(1) O cálculo diferencial e integral, também conhecido como cálculo infinitesimal ou simplesmente Cálculo, é utilizado para a resolução de uma grande variedade de problemas que estejam relacionados com o cálculo de taxas de variação de grandezas, sendo empregado em disciplinas tão abrangentes como física clássica, física moderna, química, astronomia e economia, entre muitas outras aplicações.  (Nota do Autor)

(2) Leibniz chegou a pedir a mão de uma mulher em casamento, quando já contava com mais de 50 anos de idade, porém voltou atrás, "antes que fosse tarde". (Nota do Autor) 

(3) Do latim, folha em branco. (Nota do Autor)

(4) Técnica ainda hoje utilizada por estudantes de programação, para implementar simples funções de multiplicação em assembler (designação para a linguagem de programação de baixo nível, diretamente associada ao código de máquina, formada por mnemônicos que representam cada instrução do conjunto de instruções de um determinado processador). (Nota do Autor)

Arquivo com os texto completo para consulta e download:
 

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O ENIAC


"O progresso começa com a convicção de que o que é necessário é possível."
Norman Cousins

O ENIAC (Eletronic Numerical Integrator Analyzer and Computer), equipamento projetado por Eckert e Mauchly era, literalmente, uma máquina de grande porte. Quando totalmente pronto, ocupava uma sala inteira na Universidade da Pensilvânia, medindo cerca de 3 metros de altura e 30 toneladas de peso, consumia em torno de 200 kilowatts de potência, e, em função do calor gerado, exigia para sua operação uma sala especialmente dotada com um sistema de ventilação forçada. 

Composto por quase 18.000 válvulas eletrônicas a vácuo, 6.000 chaves elétricas, 1.500 relés, 10.000 capacitores, 70.000 resistores, milhares de indutores e cerca de 88 quilômetros de fio, usados em aproximadamente 500.000 conexões, o ENIAC tinha todos estes seus componentes acondicionados em 42 painéis montados sobre estruturas metálicas com 2,75m de altura, 60 cm de largura e 30cm de profundidade cada um. Arrumados na disposição de um "U", estes painéis ocupavam 25 m de comprimento e uma área construída de 180 m². O ENIAC possuía ainda três gabinetes de controle sobre rodas que podiam ser movidos pela sala e, para a entrada e saída de dados, utilizava uma leitora de cartões perfurados e uma perfuradora, fornecidos pela IBM (International Business Machines). Conta-se que a primeira vez que foi ligado, o ENIAC consumiu tanta energia que as luzes da cidade da Filadélfia piscaram. 

O ENIAC na Universidade
da Pensilvânia, em 1946.
O ENIAC, capaz de realizar 5.000 adições por segundo, era constituído por oito circuitos que implementavam suas funções básicas: acumuladores, circuito de inicialização, circuito para programação mestra, circuito de multiplicação, circuito de divisão e raiz quadrada, dois circuitos lógicos nomeados de "gate" e "buffer", e por último, um circuito para armazenamento das tabelas de funções.

O acumulador era a unidade aritmética básica, formado por vinte registradores de dez dígitos cada. Sua função consistia na realização das operações de adição, subtração e armazenamento temporário. Um acumulador poderia ser comparado aos registradores das atuais Unidades Centrais de Processamento (CPU – Central Processing Unit). Os dados viajavam pelo ENIAC indo de um acumulador ao outro, e, à medida que cada acumulador terminava seus cálculos, o resultado obtido era comunicado ao acumulador seguinte, manualmente, através da conexão de cabos pelos técnicos que o operavam. Os circuitos de inicialização executavam algumas tarefas especiais, incluindo ligar e desligar o equipamento, apagar todos os seus registradores (reset) e iniciar os processos de cálculo. Os circuitos de programação mestra controlavam a execução dos programas e permitia alterá-los. Os circuitos de multiplicação e de divisão e raiz quadrada, para executarem estas operações específicas, trabalhavam em conjunto com as funções de adição, subtração e armazenamento temporário do circuito acumulador. O circuito lógico gate implementava o operador lógico "AND" (saída positiva se todas as entradas fossem positivas) e o circuito lógico buffer implementava o operador lógico "OR" (saída positiva se alguma das entradas fosse positiva). As tabelas de funções eram usadas como auxílio à programação, armazenando variáveis e funções, mas não podiam ser alteradas durante a execução de um programa.(20)
 
A preparação de um novo programa. 

A tarefa de programar o ENIAC, que não possuía um sistema operacional, era quase que inteiramente realizada através da comutação de mil chaves elétricas e da conexão de inúmeros cabos, como nas antigas centrais telefônicas.

A falta de flexibilidade para a execução de tarefas diferentes representava o gargalo operacional do ENIAC e, de certa forma, podemos atribuir em parte a origem deste problema ao próprio contrato da Escola Moore com o Departamento de Artilharia, que claramente previa a construção de um dispositivo específico para o cálculo de trajetórias, e não uma máquina de uso genérico. Apesar de toda a dificuldade operacional presente no esforço necessário à alteração de sua programação, para cada problema específico a ser tratado, o que tornava seu uso tedioso e comprometia seu aproveitamento, o ENIAC, uma vez preparado, podia computar as trajetórias balísticas em trinta segundos, enquanto os mesmos cálculos precisavam de 15 a 30 minutos para serem executados pelo Analisador Diferencial, e de vinte a quarenta horas por um matemático equipado apenas com uma calculadora de mesa. 

Outro inconveniente era motivado pela inexistência de mecanismos eficientes para a depuração de erros de programação que, quando detectados, deviam ser seguidos passo-a-passo, executando-se uma instrução de cada vez. Para permitir este tipo de procedimento, criou-se um painel com uma chave que interrompia ou habilitava a execução da próxima instrução, comparando-se então o resultado de cada passo do programa com o resultado obtido manualmente. Este artifício foi utilizado em diversos equipamentos até meados da década de 1980. Por último, existia ainda o efeito colateral da baixa confiabilidade das válvulas eletrônicas, que queimavam com elevada frequência. Este problema determinava a completa paralisação do equipamento, ou pelo menos um ritmo mais lento de processamento, para que os reparos pudessem ser efetivados.
 
O ENIAC em manutenção 
A construção do ENIAC foi completada somente após o término da Segunda Guerra Mundial, em novembro de 1945, e oficialmente inaugurado em 15 de fevereiro de 1946, data que para muitos historiadores corresponde ao marco do início da Era da Informação. Uma de suas primeiras aplicações foi na resolução de problemas ligados ao controle da energia nuclear para o Projeto Manhattan.

 Durante cerca de um ano, ainda na Universidade da Pensilvânia, foi empregado no cálculo de trajetórias balísticas para o Departamento de Artilharia, na solução de problemas ligados à previsão de condições atmosféricas, no estudo de raios cósmicos para a astronomia e em projetos de túneis de vento. 


Em janeiro de 1947, o ENIAC começou a ser desmontado sendo então enviado para Aberdeen, onde reiniciou sua operação sete meses mais tarde, no Laboratório de Pesquisas em Balística. A grande quantidade de componentes e, principalmente, a dificuldade de programação tornaram bastante árduo o trabalho da equipe técnica encarregada de remontá-lo. 

Em 1948, sob a supervisão de John von Neumann, foram implementadas algumas modificações em seu projeto para torná-lo um computador com programas armazenados internamente. Esta alteração reduziu significativamente a quantidade de trabalho manual com a religação de cabos, necessário à execução de cada novo programa. Outras melhorias foram sendo introduzidas gradualmente nos anos seguintes e, com o uso de novos dispositivos eletrônicos, já em 1952, sua velocidade de processamento chegou à marca de oitenta por cento superior a inicial. 

No ano seguinte, em 1953, foi instalada pela Burroughs uma unidade de memória magnética, formada por núcleos de ferrite, com capacidade de armazenamento de 100 dígitos, permitindo o processamento de uma maior quantidade de informações e de forma centralizada. Anteriormente, o único dispositivo de armazenamento temporário residia no acumulador, limitando, devido ao seu diminuto porte, os tipos de problemas em que o ENIAC poderia ser empregado. Entretanto, o conceito de memória indexada e de acesso aleatório, diretamente associado à capacidade de armazenamento interno dos programas, não chegou a ser implementado, nem tampouco em seu sucessor – o EDVAC (Electronic Discrete Variable Computer), o segundo computador de grande porte construído na Escola Moore, em 1951. Somente no projeto do EDSAC (Electronic Delay Storage Automatic Calculator), desenvolvido por Maurice Wilkes na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, este conceito tornou-se realidade.

Após o término da Segunda Grande Guerra, o ENIAC foi utilizado por inúmeros físicos e matemáticos de todas as partes dos Estados Unidos. Como este era o único computador de grande porte disponível nos Estados Unidos, sendo em sua época o maior computador de todo o mundo, capaz de calcular muito rapidamente as equações apresentadas por cada usuário, depois da adequada programação, travava-se uma verdadeira disputa pelo seu tempo de uso. Mas, conforme já mencionado, reprogramá-lo para tarefas diferentes, em geral, levava dias. Isto somado às constantes paradas para substituição das válvulas queimadas e outros tipos de reparos, faziam com que sua disponibilidade de uso fosse de apenas 50%. 

O avanço da tecnologia logo resolveria os problemas técnicos do ENIAC, tornando-o obsoleto e economicamente e inviável, sendo por fim desativado no dia 2 de outubro de 1955, após de quase dez anos de operação. Desmontado, suas peças foram distribuídas por vários museus, incluindo o Smithsonian, em Washington D.C., e a Escola Moore, local de sua construção na Universidade da Pensilvânia, onde até hoje encontram-se em exposição.
A herança proporcionada pelo ENIAC propagou-se muito além da linhagem de equipamentos experimentais surgidos a partir de sua concepção (EDVAC, EDSAC, SEAC, ILLIAC, Whirlwind e MANIAC) e do UNIVAC, o computador comercial construído mais tarde por Mauchly e Eckert, em sua própria empresa, a Electronic Controls Company. Podemos considerar também como influência dessa herança, o interesse despertado em outras empresas privadas norte-americanas pelo mercado de computadores eletrônicos digitais, como a IBM, que lançaria o modelo 701 em 1952, e pela Engineering Research Associates (ERA), que um ano antes havia introduzido o modelo ERA 1103. 



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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Os Primeiros Computadores Eletrônicos – cont.


O ENIAC, Segundo Dilys Winegrad e Atsushi Akera(20), concebido e construído na Escola Moore de Engenharia Elétrica da Universidade da Pennsylvania, não foi o primeiro dispositivo eletrônico de cálculo. No início da década de 1930, físicos já dispunham de contadores de radiação que utilizavam válvulas eletrônicas a vácuo, como no caso do ENIAC, e diversos laboratórios de pesquisa produziram dispositivos capazes de contar de um a dez. Já no final da década de 1930 e início da década de 1940, existiam pelo menos outras três iniciativas independentes, tratando de problemas de computação com o uso de circuitos eletrônicos: John Atanasoff, British Intelligence (Serviço de Inteligência Britânico) e IBM (International Business Machines).
 
Entre 1937 e 1941, John Atanasoff, professor de física na Universidade Estadual de Iowa, que interessava-se pela construção de máquinas de alta velocidade para a resolução de problemas genéricos de computação, decidiu projetar um equipamento para solucionar sistemas complexos de equações lineares. Com a ajuda de Clifford Berry, ex-aluno de graduação da Universidade de Iowa, desenvolveu um dispositivo que ficou conhecido como Computador Atanasoff-Berry (ABC), mas que até o final de 1941 não estava totalmente operacional.
 
Com o início da campanha norte-americana na Segunda Guerra Mundial, Atanasoff foi impelido a interromper seus trabalhos com o ABC e assumir, em dezembro daquele ano, um posto no Laboratório de Artilharia Naval, em Washington, D.C. Embora o ABC fosse um computador de uso específico, ele teve como mérito o fato de todas as suas operações de adição e multiplicação serem executadas por circuitos totalmente eletrônicos. No entanto, o uso de um dispositivo eletromecânico para armazenar dados e resultados intermediários, impunha um gargalo no sistema, limitando sua velocidade de processamento.
 
Neste mesmo ano de 1941, a IBM, cuja experiência anterior era em equipamentos de leitura e perfuração de cartões, projetou um dispositivo eletrônico de multiplicação, em colaboração com a Universidade de Columbia, onde pesquisava-se mecanismos para acelerar a execução de aplicações científicas na área de matemática.
 
Neste contexto, somente o Colossus, computador construído por volta de 1942 em Bletchley Park, na Inglaterra, patrocinado pelo Serviço de Inteligência Britânico, poderia ser considerado uma máquina eletrônica de grande porte. Enquanto Atanasoff e a IBM, pasmem, foram limitados pela disponibilidade de recursos financeiros, Bletchley Park e a Escola Moore, beneficiados pelo esforço de guerra, foram agraciados com enormes recursos para pesquisa e desenvolvimento.

Em 1940, quando parecia cada vez mais provável a entrada dos Estados Unidos na Guerra, o interesse pelas técnicas computacionais atingiu seu auge, movido, principalmente, pela grande quantidade de projetos de armas de artilharia e também pela evolução e conseqüente mudança de padrões militares. Neste cenário, onde a capacidade computacional disponível apresentava-se insuficiente frente à demanda, e o analisador diferencial representava o estado da arte em equipamentos para este propósito, a pesquisa e o desenvolvimento necessários à produção da tecnologia que atendesse às necessidades da nação encontrou solo fértil na Escola Moore.  

Mauchly, Eckert e a
Válvula Eletrônica (44)
No final de 1941*, quando por fim os Estados  Unidos entraram na Guerra, muitos professores e pesquisadores da Escola Moore foram requisitados para o serviço militar ou para projetos militares secretos. Para substituir alguns dos professores engajados no esforço de guerra, a Universidade da Pennsylvania contrataria os PhD's John W. Mauchly e Arthur Burks. Por esta mesma época, J. Presper Eckert Jr, jovem professor, considerado o mais brilhante estudante e o melhor engenheiro da Escola Moore, uniu-se a John Mauchly, para pesquisarem o assunto de maior interesse de ambos: como aplicar a eletrônica para construir computadores de alta velocidade.

Em meados de 1941, Mauchly esteve na Universidade Estadual de Iowa com Vincent Atanasoff e Clifford Berry, que lhe apresentaram suas pesquisas sobre o uso de dispositivos eletrônicos para a realização de cálculos numéricos e, a criação de ambos, o ABC. Inspirados, talvez, pela pesquisa de Atanasoff, Mauchly e Eckert projetaram um computador eletrônico para resolver as equações diferenciais para o Departamento de Artilharia, publicando, já em 1942, um ensaio intitulado "The use of vacuum tube devices in calculating" (O uso de válvulas eletrônicas a vácuo na computação), que se tornaria a base do relatório submetido pela Escola Moore ao Laboratório de Pesquisas em Balística, com o objetivo de conseguir um contrato para a sua efetiva construção. Em outras circunstâncias, provavelmente, as idéias de John Mauchly e J. Presper Eckert seriam rejeitadas como impraticáveis, simplesmente devido ao custo extremamente elevado para a construção do ENIAC.

As válvulas eletrônicas a vácuo, inventadas em 1906 pelo físico norte-americano Lee De Forest, foram usadas até o início da guerra, quase que exclusivamente como amplificadores, quando então se percebeu seu grande potencial como chaveadores eletrônicos ultra-rápidos, podendo alcançar um milhão de operações liga-desliga por segundo. Assim, transformado em dispositivo de chaveamento binário, representava o "0" pela ausência de corrente na placa e o "1" por sua presença.

As válvulas, sob uma perspectiva atual, eram altamente ineficientes: consumiam grande quantidade de energia para incandescer um filamento interno produzindo calor como efeito residual, ocupavam espaço demasiado e precisavam ser substituídas frequentemente. Ainda assim, o seu uso em substituição a componentes de chaveamento mecânico, como aqueles empregados no Analisador Diferencial de Vannevar Bush, foi um grande avanço, resultando em enorme ganho de velocidade.

Em junho de 1942, o Departamento de Artilharia assinou contrato com a Escola Moore de Engenharia Elétrica da Universidade da Pennsylvania, para o uso exclusivo de seu Analisador Diferencial, maior e mais rápido que o do Laboratório de Pesquisas em Balística, para a produção de tabelas de trajetória. A equipe da Universidade da Pennsylvania encarregada deste contrato incluía os professores Weygand, John W. Mauchly e J. Presper Eckert que, visualizando a oportunidade de desenvolverem pesquisas em sua área de interesse, iniciaram um trabalho com o objetivo de encontrar novas soluções para resolver os problemas computacionais daquele órgão. Primeiramente providenciaram uma série de melhoramentos no Analisador Diferencial da Escola Moore para torná-lo mais rápido, substituindo o inseguro amplificador de torque por um dispositivo eletrônico mais confiável. Tais modificações, introduzindo dispositivos eletrônicos no lugar de mecânicos, tornaram o equipamento da Escola Moore mais rápido e confiável, mas ainda assim isto não foi suficiente para conseguir atender a demanda por novas tabelas de trajetória do Departamento de Artilharia, que continuavam a chegar em quantidades cada vez mais elevadas.

Mulheres trabalhando nas máquinas de calcular da Escola Moore 
Com a crescente pressão, a necessidade de encontrar-se meios mais rápidos para executar os cálculos das tabelas de trajetória tornava-se cada vez mais urgente. O cálculo de uma trajetória poderia levar até 40 horas com o uso de uma calculadora de mesa e cerca de 30 minutos com o único Analisador Diferencial da Escola Moore. Como cada tabela continha centenas de trajetórias, o cálculo de uma única delas podia levar vários dias.

Sob estas circunstâncias, Mauchly preparou um relatório no qual apresentava suas idéias para a construção de um computador eletrônico digital, argumentando que este equipamento poderia efetuar 1000 operações de multiplicação por segundo, tornando possível o cálculo das tabelas de trajetórias em questão de minutos ao invés de dias.

Herman H. Goldstine, doutor em matemática pela Universidade de Chicago e tenente do Laboratório de Pesquisas em Balística, encarregado de supervisionar o contrato inicial com a Universidade da Pennsylvania, animou-se com as previsões de Mauchly e Eckert e com a perspectiva de ter uma máquina que pudesse eliminar as constantes pendências no cálculo das tabelas de balística. Uma vez convencido, assumiu a tarefa de viabilizar um novo contrato entre a Escola Moore e o Departamento de Artilharia com o objetivo de financiar o projeto de um computador eletrônico, mil vezes mais rápido que qualquer outra máquina existente. Entretanto, de posse do relatório de Mauchly, Goldstine considerou que tal projeto mais se aproximava de uma história de ficção científica e, para tornar sua posição de patrocinador ainda mais desconfortável, ele tinha a exata noção de que seria necessário gastar centenas de milhares de dólares para provar que aquelas idéias, dos dois engenheiros de respectivamente 35 e 23 anos de idade, estavam corretas. Aquele empreendimento, certamente iria consumir várias dezenas de vezes o orçamento de US$6.500 utilizado para o desenvolvimento do ABC de Atanasoff e Berry.

Além de todos os fatores de risco e da elevada pressão a que estavam submetidos, somava-se ainda a opinião contrária da maioria dos engenheiros elétricos da época, que acreditavam que tais idéias nunca funcionariam. Apesar do cenário hostil, os dois jovens engenheiros da Escola Moore, aspirantes a inventores de computador, e o matemático tenente, investido no papel de defensor e patrocinador do projeto, resolveram levar o projeto a diante. Em nove de abril de 1943, em reunião na qual participaram o superior de Goldstine, Coronel Leslie Simon, diretor do Laboratório de Pesquisas em Balística, e Oswald Veblen, presidente do Instituto de Estudos Avançados de Princeton e um dos principais encorajadores da pesquisa matemática com fins militares, Goldstine, Mauchly e Eckert apresentaram um audacioso plano para a construção da máquina mais complexa do mundo.
 
Segundo Goldstine, era enorme o risco associado ao projeto do computador eletrônico, mas o momento vivido pelo Departamento de Guerra dos Estados Unidos apresentava-se como uma oportunidade que tornaria inevitável o desfecho da questão, como registrado por suas próprias palavras: (35)
 
"… nós devemos perceber que a máquina em questão conterá mais de 17.000 válvulas de 16 tipos diferentes, operando a uma frequência básica de 100.000 pulsos por segundo… a cada 10 microssegundos poderá ocorrer um erro se apenas uma das 17.000 válvulas funcionar incorretamente; isto significa que em um simples segundo existem 1,7 bilhões de chances de ocorrer uma falha… O homem jamais construiu um instrumento capaz de operar com este grau de precisão e confiabilidade, e este é o motivo pelo qual este empreendimento apresenta, ao mesmo tempo, tão elevado risco e tamanha realização.
…Após estar ouvindo por pouco tempo a minha apresentação, enquanto balançava sua cadeira apoiada apenas nas pernas traseiras, Veblen derrubou-a barulhentamente, levantou-se e disse: - Simon, dê o dinheiro a Goldstine."
 
Assim, em 05 de junho de 1943, foi assinado um novo contrato, sob o codinome de Projeto PX, no valor de aproximadamente US$500 mil, em valores históricos, para que fosse realizado o desenvolvimento e a construção de um computador e integrador numérico eletrônico – o ENIAC.

A equipe formada para esta empreitada seria supervisionada pelo Professor Brainard, com Eckert como engenheiro chefe e Mauchly como principal consultor. Mais tarde, em 1944, John von Neumann integrou-se à equipe que já estava construindo o ENIAC. Curiosamente, esta nova adesão deveu-se à casualidade de von Neumann ter conhecido Herman Goldstine numa plataforma de trens no verão daquele ano, iniciando assim uma amizade que perduraria até o final de sua vida. Sob o ponto de vista de Goldstine, este matemático notável e uma das personalidades mais respeitadas e solicitadas de sua época, seria um apoio providencial para reduzir os riscos inerentes ao projeto de tamanha envergadura. Por seu lado, após obter algumas informações de seu novo amigo, von Neumann interessou-se em participar do projeto, no que foi prontamente atendido.

* Devido ao ataque japonês à Pearl Habour em 07 de dezembro de 1941, os Estados Unidos declararam guerra ao Japão em 8 de dezembro e, em apoio ao seu aliado, a Alemanha e a Itália declararam guerra aos Estados Unidos, em 11 de dezembro. (Nota do Autor)


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sábado, 17 de julho de 2010

História da CIência da Computação - Tópicos

Já temos uma lista provisória de tópicos a serem abordados neste trabalho, a qual gostaríamos de compartilhar com vocês. Caso tenhamos deixado de fora algum assunto pertinente ao tema, por favor, sintam-se a vontade para sugerir inclusões ou alterações.

Lista Provisória de Tópicos:

Agradecimentos

Sumário

Introdução

Apresentação

Parte 1: A História dos Primeiros Computadores

Uma Questão de Semântica
Os Primórdios
Os Registros Mais Antigos
O Legado Árabe
Fibonacci e a Divina Proporção
A Introdução do Sistema Decimal no Ocidente
O Ábaco
Os Visionários e os Primeiros Instrumentos de Calcular
Leonardo da Vince
John Napier
William Oughtred
Wilhelm Schickard
Samuel Morland
Gaspar Schott e Athanasius Kircher
René Grillet de Roven
John Couch Adams, Dorr Eugene Felt, Léon Bollée, Henri Genaille e Otto Steiger
Blaise Pascal
Gottfried Leibniz
Joseph-Marie Jacquard
Samuel Morse e o Código Binário
Os Precursores
Charles Babbage
Augusta Ada Byron
Thomas Fowler
George Boole
Herman Hollerith
William Seward Burroughs
Vannevar Bush
Claude Elwood Shannon e a Teoria da Informação
Sumário Cronológico I – Da Pré-história às Calculadoras de Mesa
Parte 2: O Surgimento dos Computadores Eletrônicos

As Grandes Guerras Mundiais
A Primeira Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial - Antecedentes
A Segunda Guerra Mundial – A Europa caminha para a Guerra
A Segunda Guerra Mundial – Desenrolar e Término
Os Primeiros Computadores Eletrônicos
O ENIAC
Os Idealizadores
John Vincent Atanasoff
Clifford Edward Berry
John William Mauchly
John Persper Eckert Jr.
John Louis von Neumann
O EDVAC e Seus Descendentes
Howard Hathaway Aiken e o Mark I
Konrad Zuse e o Z3
Bletchley Park e o Colossus
Alan Turing
Sumário Cronológico II – Os Primeiros Computadores Eletrônicos
Parte 3: Da Lâmpada ao Transistor

A Lâmpada e a Válvula Eletrônica
Thomas Alva Edison
Nikola Tesla
Sir John Ambrose Fleming
Lee de Forest
Os Semicondutores
A Compreensão da Matéria
A Estrutura Atômica
Materiais Semicondutores e suas Propriedades
A Descoberta do Elétron
Primeiras Aplicações de Uso Popular
O Efeito-de-Campo e a Junção P-N
Graham Bell e o Impulso da Indústria da Telefonia
O Transistor
Walter Houser Brattain
John Bardeen
William Shockley
O Transistor Point-Contact
O Transistor de Junção
Parte 4: O Circuito Integrado e Seus Criadores

O Circuito Integrado
Robert Noyce
Jack Kilby
A Lei de Moore
Nanotecnologia
A Evolução do Conhecimento Científico
Sumário Cronológico III - Da Válvula ao Circuito Integrado
Parte 5: Os Microcomputadores e a Internet

Os Microcomputadores
A Internet
Teilhard de Chardin e a Convergência
Noosfera: a Aldeia Global
A Era da Informação ou Sociedade do Conhecimento
Paradigmas da Comunicação
Bibliografia

Anexos

Anexo 1 – Patente de Fleming, de 1904 - Válvula Termiônica ou Diodo à Vácuo
Anexo 2 – Patente de Lee de Forest, de 1905 - Triodo à Vácuo
Anexo 3 – Patente de Lilienfield, de 1930 - Transistor de Efeito de Campo
Anexo 4 – Patente de Lilienfield, de 1933 - Transistor de Efeito de Campo
Anexo 5 – Patente de Jack Kilby, de 1959 - Circuito Integrado
Anexo 6 – Patente de Robert Noyce, de 1959 - Circuito Integrado
Anexo 7 - Previsões Famosas sobre o Futuro da Tecnologia
Anexo 8 - Acordo de Munique – Texto Integral
Anexo 9 – Pacto Molotov-Ribbentrop, 1939 – Texto Integral
Anexo 10 – Tabela de Mortos na Segunda Guerra Mundial - Wikipédia
Arquivo com o Índice Provisório para consulta e download:
 
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