Apresentação


Este blog destina-se a profissionais, estudantes e demais interessados nas áreas da Ciência da Informação, Arquitetura da Informação, Ciência da Computação, Tecnologia da Informação e História da Ciência, constituindo-se como um espaço para a publicação e discussão de temas que contribuam para a compreensão e desenvolvimento destas áreas

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os Primórdios


"“Aquele que controla o passado comanda o futuro. Aquele que comanda o futuro conquista o passado.”

George Orwell

O domínio da tecnologia, desde tempos imemoriais até os dias atuais, tem sido sinônimo de poder, permitindo à espécie humana controlar a natureza e seus semelhantes. Para o homem das cavernas, o controle do fogo ou a habilidade para construir a ponta da lança com uma pedra afiada, poderia significar a diferença entre viver ou morrer para todo seu grupo. A história tem mostrado que ligeiras vantagens tecnológicas podem representar a distância entre o domínio ou a submissão de povos inteiros. Por outro lado, para ter um real impacto e importância para o ser humano, a tecnologia precisa sempre servir à uma finalidade social. Deste modo, quando a tecnologia em questão aplica-se em quebrar ou reduzir barreiras de tempo e espaço, como é o caso dos meios de transporte e de comunicação, este impacto é significativamente maior, criando pequenas revoluções, atingindo todas as áreas de atividades e negócios, gerando enormes oportunidades de mudança e desenvolvimento. Certamente foram marcos na civilização a introdução da roda, do estribo, das velas navais, das locomotivas e estradas de ferro, do automóvel e do avião, assim como o foram a escrita, a imprensa, o telégrafo, o rádio, a televisão, o computador e, certamente, também será no século 21, a Internet.

Segundo a visão da Sloan Fundation, prefaciando o livro Crystal Fire(1),

“...tecnologia é a aplicação da ciência, engenharia e organizações industriais para criar um mundo mais apropriado ao ser humano. Isto tornou possível, nas nações desenvolvidas, um padrão de vida inconcebível há um século atrás. O processo, entretanto, não é isento de tensões; por sua natureza, a tecnologia provoca mudanças na sociedade e agride convenções. Afeta praticamente todos os aspectos das atividades humanas: instituições públicas e privadas, sistemas econômicos, redes de comunicação, estruturas políticas, associações internacionais, a organização das sociedades, e as condições da vida humana. Este efeito não ocorre apenas em um sentido; assim como a tecnologia muda a sociedade, também as estruturas sociais, atitudes e demais características da vida humana afetam a tecnologia. Mas, talvez porque a tecnologia seja tão rapidamente e completamente assimilada, a profunda interação desta com a sociedade, na história moderna, não venha sendo suficientemente reconhecida.”

O entendimento sobre a origem, desenvolvimento e impacto em nossas vidas das tecnologias que marcaram tão profundamente o século 20 e desenharam a realidade como a percebemos no início deste novo século, podem fornecer uma perspectiva do presente e subsídios que permitam melhores opções de futuro. A história destas invenções e dos esforços despendidos em sua criação, abordando tanto as dimensões técnicas como humanas, certamente, podem contribuir neste sentido.

Podemos dividir e classificar os períodos históricos, em relação ao desenvolvimento da tecnologia da informação, basicamente em quatro etapas distintas: a era pré-mecanicista; a era dos dispositivos mecânicos; a era dos dispositivos eletromecânicos e a era dos dispositivos eletrônicos.

A primeira etapa desta jornada evolutiva pode ser considerada como extendendo-se desde o ano 3.000a.C., com o surgimento da primeira palavra escrita, até 1.450d.C., ano da introdução no ocidente do processo de impressão com tipos móveis metálicos, pelo alemão Johann Gutemberg (1387 - 1468)(2). Este período caracterizou-se, de início, pela comunicação humana baseada unicamente na fala ou através de sinais e símbolos simples. Os sistemas de numeração e a matemática surgiram e evoluíram em conjunto com a evolução da escrita.

A era dos dispositivos mecânicos extendeu-se desde Gutemberg até a invenção da tabuladora eletromecânica de cartões perfurados criada por Herman Hollerith (1860 - 1929), em 1887. Por último, podemos situar o início da utilização de dispositivos eletrônicos com a entrada em operação do ENIAC, em fevereiro de 1946.

A história da ciência da computação, e por consequência da tecnologia da informação, também estão intimamente interligadas à história da matemática, algumas vezes até mesmo confundindo-se com esta, cujo desenvolvimento ocorreu em paralelo entre diversas civilizações como a japonesa, chinesa, hindu, egípcia, grega e árabe, e mesmo nas culturas pré-colombianas das Américas Central e do Sul. Entretanto, nem sempre existiu um grau de identidade que aproximasse estas diversas abordagens, ocorrendo por vezes significativas diferenças de notação e formalismo. O modo como estamos acostumados atualmente, a raciocinar e a representar números e cálculos matemáticos traz forte herança das culturas hindu, grega e árabe.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Uma Questão de Semântica


“Para predizer o que vai acontecer, é preciso saber o que ocorreu antes.” 

Nicolau Maquiavel

Antes de iniciarmos esta viagem no tempo, seria conveniente nos determos em um breve histórico do significado do próprio termo computador.

O que, afinal, significa nos dias de hoje um “computador”? Poderíamos defini-lo, de acordo com o padrão adotado em boa parte dos livros-texto sobre o assunto, como o equipamento que lê e executa tarefas codificadas em programas armazenados internamente em dispositivos de memória de massa (unidade de disco rígido, CD ou DVD-ROM, unidade de disco flexível, etc.). Este equipamento tem a capacidade de decifrar diversos tipos de programas, pode assumir a função de vários outros aparelhos como rádio, televisão, telefone, fax, CD player, DVD, pode desenhar gráficos e até mesmo substituir toda uma tipografia. A CPU (Unidade Central de Processamento), parte mais importante deste equipamento, tem ainda a incumbência de monitorar e gerenciar todos os dispositivos de entrada e saída de dados, como o seu monitor de vídeo, o teclado, o mouse, o modem, o leitor e o gravador de CD ou DVD, mantendo-os em sincronismo e funcionando com boa performance.

Mas nem sempre este termo assumiu a conotação descrita acima. Foram os franceses que o criaram no século XVII, a partir do latim computare, como sendo o verbo computer, para representar o ato de contar ou calcular, mas foram os ingleses que deram ao verbo a forma de substantivo, para designar as primeiras calculadoras. Entretanto, até o início do século XX, segundo o Oxford English Dictionary, “um computador” não era uma máquina, mas sim uma pessoa, ou melhor, a designação para a ocupação de uma pessoa que tinha por função realizar cálculos manualmente.

Somente na década de 1930, quando o termo computador ganhou o adendo automático, assumiu seu significado mais recente para indicar uma máquina capaz de fazer cálculos. Os franceses, refletindo este novo significado, adotaram o termo ordinateur, para representá-lo. Depois, na década de 1940, surgiu o computador eletrônico, que o diferenciava das gerações anteriores de máquinas baseadas em engrenagens mecânicas. Nos anos 60 foi cunhado o termo computador digital em oposição ao modelo analógico, utilizado até que o aposto digital fosse dispensado por ter-se tornado universal. O computador eletrônico digital, ou simplesmente o nosso já familiar computador, em relação aos seus antepassados, tem como principais diferenciais trabalhar em base binária, ao invés da base decimal, e manter os seus programas modificáveis e armazenados internamente nos mesmos dispositivos de armazenamento de dados, utilizando ainda um padrão comum de codificação.

Arquivo com o texto completo para consulta e download:

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

História da Ciência da Computação - Apresentação

Uma Abordagem Histórica Contextualizada

“Somos o que conservamos do saber antigo e seremos o saber que conseguirmos legar às gerações a vir.”
Mauro Santayana

O principal objetivo deste trabalho é fornecer um embasamento técnico e histórico que facilite a compreensão de como alcançamos o nível atual de desenvolvimento da Tecnologia da Informação, fornecendo aos usuários, estudiosos, profissionais envolvidos em administrar sua utilização e evolução e demais interessados, um conhecimento aprofundado da área, que lhes permitam ter uma base referencial sobre o assunto.

A organização de seu conteúdo foi cuidadosamente estruturada de modo a fornecer subsídios históricos e conceituais, tanto sob o ponto de vista da evolução da Tecnologia da Informação, como sob a ótica e implicações das mudanças sociais, econômicas e políticas causadas por esta evolução tecnológica. Assim, este trabalho se propõe a desenhar um painel histórico, partindo de suas origens até os dias atuais, passando pelos primórdios do conhecimento, pela Revolução Agrícola, Revolução Industrial até chegarmos à Sociedade do Conhecimento, abrangendo as principais invenções e descobertas que tornaram possível o surgimento e crescimento das inúmeras indústrias ligadas à ciência da computação.

Tentando fugir do lugar comum, das inúmeras publicações que contam a história da “Revolução da Informática”, procuramos preencher substancialmente o texto com o lado humano e a complexidade da vida dos pesquisadores abordados, permeando-o com observações sobre as motivações pessoais e sociais, dificuldades técnicas e soluções encontradas, que permitam ao leitor refletir e perceber a sequência das sucessivas etapas que foram percorridas até chegarmos ao momento atual. Parafraseando Göethe, a história é o prólogo de toda ciência, sendo portanto o elo necessário a cada novo passo.

A velocidade de obsolescência das técnicas e conceitos inerentes à Tecnologia da Informação torna essencial não perdermos de vista o elo histórico das origens de tal conhecimento, como forma de permitir ao profissional da área sentir-se mais seguro em meio às inúmeras alternativas que se fazem presentes no dia-a-dia desta atividade. Sendo ainda inegável a importância que geralmente é dispensada, nos cursos de formação da área, ao estudo da tecnologia propriamente dita, em detrimento ao embasamento histórico, e às circunstâncias e princípios que permitiram todo o desenvolvimento da ciência da computação, temos a intenção de recuperar estes elos históricos.

Esta mesma obsolescência acelerada, mais acentuada na área da Tecnologia da Informação do que na maioria das áreas de conhecimento, talvez torne mais fácil adotarmos uma atitude de humildade, ao reconhecermos que os avanços da ciência e da tecnologia, a cada nova geração, e em períodos cada vez menores, fazem uma revisão inevitável dos trabalhos e crenças anteriores, nos forçando a uma inevitável reflexão do quanto ainda temos pela frente nesta nossa jornada do conhecimento.

Nassim N. Taleb, em seu livro A Lógica do Cisne Negro, descreveu com propriedade esta questão da obsolescência do conhecimento:

“... Os cientistas podem estar no ramo de rir dos predecessores, mas em virtude de uma rede de disposições mentais humanas poucos percebem que alguém rirá de suas crenças no futuro (decepcionantemente próximo). Nesse caso, meus leitores e eu estamos rindo do estado presente do conhecimento social. Os figurões não pressentem a chegada da revisão inevitável de seu trabalho, o que significa que, geralmente, você pode acreditar que eles terão uma surpresa.” ( )

Por outro lado, reforçando os pontos de vista de Taleb, precisamos ainda nos precaver de uma característica da mente humana que, aparentemente, tem a necessidade de criar explicações e produzir sentido para quase tudo a sua volta. Assim, a abordagem retrospectiva de fatos, cotidianos ou históricos, traz em si esta distorção e a História tem sido, com freqüência, vítima desta característica humana, parecendo bem mais coerente e organizada nos livros de história do que de fato deve ter sido na realidade. Tal situação pode nos levar à ilusão de acharmos que compreendemos e de que podemos prever o que ocorre em um mundo que, na verdade, é mais complexo do que percebemos.

Atualmente discussões acaloradas sobre ética debatem o desenvolvimento e utilização de determinadas tecnologias, como energia nuclear ou clonagem. Com idêntico espírito inquiridor, têm sido amplamente questionados, por diversas entidades da sociedade, temas como globalização e desemprego, sobre os quais a Tecnologia da Informação tem considerável impacto. Fundamentalmente, tecnologias não são boas ou más, estas são características associadas ao uso que delas se faz. Neste contexto, uma perspectiva do passado é essencial para uma abordagem madura de temas tão relevantes. Em suma, a regulamentação e a construção de estrátégias de gestão na área da Tecnologia da Informação, necessariamente, precisa considerar as opções de futuro, tornando inquestionável o valor das lições do passado.

Finalizando, nosso maior objetivo é apresentar um livro-texto e referencial abrangendo as principais invenções e descobertas que tornaram possível o surgimento e crescimento de inúmeras indústrias ligadas à ciência da computação. Aliando duas visões correntes, compartilhadas pela comunidade científica, de que a sede por conhecimento não faz distinção entre pessoas com formação técnica/científica ou não e de que também é responsabilidade de quem detém esses conhecimentos compatilhá-los com o público, procuramos evitar o uso excessivo de fórmulas e termos técnicos, e assumimos o desafio de preparar um trabalho em que leitores com diferentes formações e interesses possam não somente entender o texto, mas realmente apreciá-lo.

Biliografia e Referências:
1 Prefácio ao livro Dualibe das Citações, de Roberto Dualibe, Editora Arx, São Paulo, 2002
2 Taleb, Nassim Nicholas (2009), A Lógica do Cisne Negro, Rio de Janeiro: Editora Best Seller Ltda.

Arquivo com o texto completo para consulta e download:
História da Ciência da Computação - Apresentação

A Idéia do Blog

Alguns pontos importantes nortearam a criação deste blog.

Primeiramente, achei que depois de mais de 30 anos de atuação profissional na área de informática, poderia utilizar esta experiência acumulada em algo que fosse ao mesmo tempo útil e divertido. É bom que fique registrado, antes que os meus possíveis leitores façam alguma idéia preconcebida de mim, de que comecei a atuar nesta área ainda bem novo, o que por um lado pode me trazer algum conforto para a auto-estima, mas por outro lado pode me fazer ser considerado, pelas gerações mais novas, um verdadeiro dinossauro saído da pré-história da informática. Resolvi me arriscar.

Tenho alguns amigos, que também trabalham na área de TI, e que como eu também procuram algo lúdico pra fazer nas horas de lazer. Afinal, sem isso, como sobreviver por muito tempo nesta área? Alguns destes amigos, por hobby, montaram uma banda de rock, outros gostam de jogar futebol ou tênis, tem um que acabou de descobrir as maravilhas do golf. Como não tenho nenhuma das habilidades necessárias à realização das atividades listadas acima, isto dito por quem já tentou, não consegui imaginar outra alternativa, além das cada vez mais espaçadas partidas de squash, a não ser arrumar algum divertimento dentro da minha própria área profissional. Daí as idéias do livro, do blog...

Mas, voltando às motivações de assuntos para o blog, o próximo ponto é a obsolescência acelerada (não a nossa, é claro), característica desta nossa área de atuação, que nos remete a algumas questões para reflexão que serão abordadas no texto que será postado em seguida.

Por último, a quase total ausência de embasamento histórico nos cursos de formação da área de Tecnologia da Informação, agravada pela questão da obsolescência, nos levou à idéia de escrever um livro sobre a História da Ciência da Computação.

Na verdade, o projeto deste livro encontra-se em desenvolvimento já há alguns anos. Como não sou escritor em tempo integral, fazendo isto nas horas vagas e, quase, por diversão, este projeto tem avançado em um ritmo, digamos, um pouco constrangedor. De fato, em várias épocas, de dedicação mais intensa à minha atividade profissional principal, o projeto deste livro ficou completamente paralisado. Uma das motivações da criação deste blog é acelerar a sua conclusão.

Seguindo em outra direção, há o fato de que dentro das minhas atividades profissionais diárias, relacionadas à implantação e automação do ciclo de vida de desenvolvimento de aplicações de software, tenho realizado com certa freqüência, palestras e apresentações sobre o tema, e que servirão, de início, para suprir de material a segunda linha de interesses do blog.

As idéias e interesses apontados acima já existem há algum tempo, mas eu ainda não tinha concebido como pô-los em prática. A idéia do blog surgiu no último sábado, ao assistir o filme Julie@Julia, que conta a história real de uma escritora não publicada que resolveu criar um blog e oferecer o seu trabalho, ainda não terminado e precisando de alguma motivação para tal, à crítica de possíveis leitores. Daí, como a protagonista do filme, e antes que a vontade passasse, aqui estou desde segunda-feira, já que o domingo foi dedicado ao hexa do mengão, entregue à tarefa de conseguir entreter meus possíveis leitores.

Espero que vocês consigam apreciar e se divertir. Este é o meu objetivo.

Bem, antes que me acusem de ficar só no blá blá blá e não entrar nos objetivos do blog, segue a postagem da apresentação do livro...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Partida

Sejam muito bem-vindos a bordo da nave-mãe.
Acomodem-se em seus aposentos e preparem-se para a decolagem.

Esta nave está equipada para uma viagem no tempo, com paradas programadas em
várias estações do conhecimento. Esperamos que todos apreciem o percurso e tenham proveito durante sua estada conosco.

Hoje partimos rumo à nossa jornada inicial e já temos dois objetivos programados:

1. O projeto de um livro sobre a História da Ciência da Computação;

2. Abrir um fórum de discussão sobre a implantação e automação de processos de desenvolvimento, abordando as disciplinas da engenharia de software que compõem o ciclo de vida de desenvolvimento de aplicações de software.

Todos os passageiros e tripulantes estão convidados a participar das atividades diárias desta viagem interativa. Contribuições, sugestões e críticas serão devidamente registradas no Diário de Bordo.

Desejo a todos uma ótima viagem.
 
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