Apresentação


Este blog destina-se a profissionais, estudantes e demais interessados nas áreas da Ciência da Informação, Arquitetura da Informação, Ciência da Computação, Tecnologia da Informação e História da Ciência, constituindo-se como um espaço para a publicação e discussão de temas que contribuam para a compreensão e desenvolvimento destas áreas

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O caráter ilusório da realidade


A experiência da realidade para nós, seres humanos, é algo acessível somente por meio de mecanismos internos de percepção e de pensamento, que produzem uma interpretação pessoal e subjetiva da realidade objetiva. A partir do princípio acima, podemos destacar a existência de:
¡  um mundo físico, da realidade objetiva;
¡  de elementos desta realidade objetiva que se apresentam à apreensão humana, comumente definidos como fenômeno;
¡  do sujeito cognoscente.
Segundo Tomanik (2004), “devemos, então, passar a distinguir o fato (dado bruto, tal como existente) do fenômeno (o dado tal como percebido pelo ser humano). O ser humano adulto e normal se relaciona apenas como os fenômenos, nunca com os fatos”.
O modo como se processa a percepção da realidade objetiva, há muito têm despertado a atenção de pensadores. Em seu livro A República, o filósofo grego Platão (428 a.C. – 348 a.C.) nos apresenta o célebre mito da caverna, metáfora que ressalta o caráter ilusório da realidade, e que tem sido usada como referência por diversos autores que abordam o tema da percepção e compreensão humana.
[...] Mas se não temos acesso direto ao mundo exterior, se toda a realidade é mediada pelos nossos sentidos, como podemos confiar na percepção que temos desse mundo? Se só podemos comparar percepções com outras percepções, como podemos saber em que medida nossos perceptos correspondem aos objetos tais como eles realmente são? A resposta é: não sabemos! Estamos fadados a viver na caverna de Platão e, ao contrário do que acontece na história, não podemos sair e ver o mundo como ele ‘realmente é’.” (BALDO e HADDAD, 2003)
“Platão disse que estamos presos numa caverna e só conhecemos o mundo por meio das sombras que ele projeta nas paredes da caverna. O crânio é nossa caverna, e as representações mentais são as sombras. As informações em uma representação interna são tudo o que podemos conhecer a respeito do mundo.” (PINKER, 1997)
Somos obrigados a reconhecer que a questão que intrigava Platão continua a nos desafiar, cerca de 2.400 anos mais tarde, e que não temos acesso direto à realidade objetiva. Entretanto, à medida que avança a compreensão sobre o funcionamento dos mecanismos da percepção humana, fica claro que suas limitações sensoriais e cognitivas representam um fator adicional de subjetividade na construção da interpretação da realidade objetiva e na formação do conhecimento. As implicações destas limitações para a Ciência da Informação foram identificadas por Bertram Brookes, em 1980, conforme extrato de seu artigo sobre os aspectos filosóficos dos fundamentos da Ciência da Informação:
“O espaço aparentemente vazio à nossa volta está fervilhando com informações. Muito disto nós não podemos estar conscientes porque os nossos sentidos não respondem a elas. Muito disto nós ignoramos porque temos mais coisas interessantes para prestar atenção. Mas nós não podemos ignorar isso se estivermos buscando uma teoria geral da informação.” (BROOKES, 1980)


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