A experiência da realidade para nós,
seres humanos, é algo acessível somente por meio de mecanismos internos de
percepção e de pensamento, que produzem uma interpretação pessoal e subjetiva
da realidade objetiva. A partir do princípio acima, podemos destacar a
existência de:
¡ um mundo físico, da realidade objetiva;
¡ de elementos desta realidade
objetiva que se apresentam à apreensão humana, comumente definidos como
fenômeno;
¡ do sujeito cognoscente.
Segundo
Tomanik (2004), “devemos, então, passar a distinguir o fato (dado bruto, tal
como existente) do fenômeno (o dado tal como percebido pelo ser humano). O ser
humano adulto e normal se relaciona apenas como os fenômenos, nunca com os
fatos”.
O
modo como se processa a percepção da realidade objetiva, há muito têm
despertado a atenção de pensadores. Em seu livro A República, o filósofo grego Platão (428 a.C. – 348 a.C.) nos
apresenta o célebre mito da caverna, metáfora
que ressalta o caráter ilusório da realidade, e que tem sido usada como
referência por diversos autores que abordam o tema da percepção e compreensão
humana.
[...]
Mas se não temos acesso direto ao mundo exterior, se toda a realidade é mediada
pelos nossos sentidos, como podemos confiar na percepção que temos desse mundo?
Se só podemos comparar percepções com outras percepções, como podemos saber em
que medida nossos perceptos correspondem aos objetos tais como eles realmente
são? A resposta é: não sabemos! Estamos fadados a viver na caverna de Platão e,
ao contrário do que acontece na história, não podemos sair e ver o mundo como
ele ‘realmente é’.” (BALDO e HADDAD, 2003)
“Platão
disse que estamos presos numa caverna e só conhecemos o mundo por meio das
sombras que ele projeta nas paredes da caverna. O crânio é nossa caverna, e as
representações mentais são as sombras. As informações em uma representação
interna são tudo o que podemos conhecer a respeito do mundo.” (PINKER,
1997)
Somos
obrigados a reconhecer que a questão que intrigava Platão continua a nos
desafiar, cerca de 2.400 anos mais tarde, e que não temos acesso direto à
realidade objetiva. Entretanto, à medida que avança a compreensão sobre o
funcionamento dos mecanismos da percepção humana, fica claro que suas limitações
sensoriais e cognitivas representam um fator adicional de subjetividade na
construção da interpretação da realidade objetiva e na formação do conhecimento.
As implicações destas limitações para a Ciência da Informação foram
identificadas por Bertram Brookes, em 1980, conforme extrato de seu artigo
sobre os aspectos filosóficos dos fundamentos da Ciência da Informação:
“O
espaço aparentemente vazio à nossa volta está fervilhando com informações.
Muito disto nós não podemos estar conscientes porque os nossos sentidos não
respondem a elas. Muito disto nós ignoramos porque temos mais coisas
interessantes para prestar atenção. Mas nós não podemos ignorar isso se
estivermos buscando uma teoria geral da informação.” (BROOKES, 1980)
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