As ciências sociais aplicadas, entre as quais a História, o
Direito e a Ciência da Informação, lidam com interpretações de seu objeto de
estudo, sem a possibilidade de acesso direto aos fatos da realidade objetiva.
Nas ciências sociais, em geral, e na História,
em particular, a neutralidade é algo inexistente. Fatos (ou objetos) e sua
interpretação não são unívocos. O conhecimento, enquanto definido como a
apreensão pelo sujeito das características do objeto, tem um caráter
relacional, transitório e polifacetado (MARTINS, 2002). Todo historiador tem
seus pontos de vista e ideologias particulares sobre o objeto de estudo. Deste
modo, sob uma perspectiva fenomenológica, o conhecimento histórico não pode ser
neutro, na medida em que seja o produto final do trabalho do historiador,
enquanto intérprete das fontes de informação do passado. Segundo Brockman
(1987), “A realidade cria instrumentos e depois molda-se à imagem
deles. A realidade é fabricada pelo homem. O universo é uma invenção, uma metáfora.”
A narrativa, forma de expressão comumente
utilizada nas ciências sociais aplicadas, sendo uma forma natural de
comunicação pela qual transmitimos a outrem a descrição de objetos, eventos e
problemas, inerentemente mesclada com uma interpretação pessoal que lhes dê
sentido e significado, carrega consigo certa subjetividade. Utilizada de modo
mais abrangente pela literatura, a narrativa tem se mostrado importante
ferramenta para a divulgação de relatos historiográficos e científicos, assim
como na transmissão de informações que subsidiam a tarefa de definição de
requisitos, etapa inicial e obrigatória da engenharia de software. No entanto, devido à
sua natureza subjetiva, o uso da narrativa tem o potencial de acarretar
problemas de imprecisão e distorção das informações que transmite.
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