Apresentação


Este blog destina-se a profissionais, estudantes e demais interessados nas áreas da Ciência da Informação, Arquitetura da Informação, Ciência da Computação, Tecnologia da Informação e História da Ciência, constituindo-se como um espaço para a publicação e discussão de temas que contribuam para a compreensão e desenvolvimento destas áreas

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A subjetividade do conhecimento - III


A subjetividade do conhecimento, em uma acepção fenomenológica, está relacionada às diversas perspectivas possíveis de apreensão das características de um objeto, evento ou fontes de informação. Já a falta de neutralidade está associada aos fatores que influenciam a interpretação do investigador sobre suas experiências. De acordo com Sayão (2000), a informação é um fenômeno que: “[...] tem muitas faces e estas faces podem ser abordadas a partir de uma variedade muito grande de referenciais. Cada novo ângulo revela aspectos diferentes do fenômeno, mas nenhum o revela completamente”.
À Husserl (2001), devemos a ideia fundamental “de que só se pode alcançar o entendimento que se quer através de uma análise fenomenológica da essência dos atos em questão, que são atos da ‘imaginação’, em um sentido abrangente e tradicional de Hant e Hume”.
Segundo Hume, o entendimento humano distingue, com suas limitações cognitivas e propensão a erros cognitivos, o que a imaginação apreendeu ao observar um fenômeno. Entretanto, o reconhecimento prévio desta falhabilidade humana induz uma busca pelo refinamento do entendimento. Deste modo, reforçando a tese da inexistência de uma causalidade obrigatória de distorções, entendemos que, apesar do investigador ter uma percepção própria dos fenômenos experenciados, baseada em suas crenças e conhecimentos prévios, e portanto sem neutralidade, isto não implica que sua interpretação, apoiada em técnicas e metodologias científicas, será necessariamente distorcida em relação à realidade empírica.
 “O mundo é minha representação. Esta é uma verdade que vale em relação a cada ser que vive e conhece, embora apenas o homem possa trazê-la à consciência refletida e abstrata. E de fato o faz. Então nele aparece a clarividência filosófica. Torna-se-lhe claro e certo que não conhece sol algum e terra alguma, mas sempre apenas um olho que vê um sol, uma mão que toca uma terra. Que o mundo a cercá-lo existe apenas como representação, isto é, tão-somente em relação a outrem, aquele que representa, ou seja, ele mesmo. – Se alguma verdade pode ser expressa a priori, é essa, pois é uma asserção da forma de toda experiência possível e imaginária, mais universal que qualquer outra, que tempo, espaço e causalidade, pois todas essas já a pressupõem; e, se cada uma dessas formas, conhecidas por todos nós como figuras particulares do princípio da razão, somente valem para uma classe específica de representações, a divisão entre sujeito e objeto, ao contrário, é a forma comum de todas as classes, unicamente sob a qual é  em geral possível  pensar qualquer tipo de representação, abstrata ou intuitiva, pura ou empírica. Verdade alguma é, portanto, mais certa, mais independente de todas as outras e menos necessitada de uma prova de que esta: o que existe para o conhecimento, portanto o mundo inteiro, é tão somente objeto em relação ao sujeito, intuição de quem intui, numa palavra, representação. Naturalmente isso vale tanto para o passado e o futuro, tanto para o próximo quanto para o distante, pois é aplicável até mesmo ao tempo, bem como ao espaço, unicamente nos quais tudo se diferencia. Tudo o que pertence e pode pertencer ao mundo está invariavelmente investido desse estar-condicionado pelo sujeito, existindo apenas para este. O mundo é representação." (Schopenhauer, 2005)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
BlogBlogs.Com.Br