A subjetividade do conhecimento, em
uma acepção fenomenológica, está relacionada às diversas perspectivas possíveis
de apreensão das características de um objeto, evento ou fontes de informação.
Já a falta de neutralidade está associada aos fatores que influenciam a
interpretação do investigador sobre suas experiências. De acordo com
Sayão (2000), a informação é um fenômeno que: “[...] tem muitas faces e
estas faces podem ser abordadas a partir de uma variedade muito grande de
referenciais. Cada novo ângulo revela aspectos diferentes do fenômeno, mas
nenhum o revela completamente”.
À Husserl
(2001), devemos a ideia fundamental “de que só se pode alcançar o entendimento
que se quer através de uma análise fenomenológica da essência dos atos em
questão, que são atos da ‘imaginação’, em um sentido abrangente e tradicional
de Hant e Hume”.
Segundo Hume, o entendimento humano
distingue, com suas limitações cognitivas e propensão a erros cognitivos, o que
a imaginação apreendeu ao observar um fenômeno. Entretanto, o reconhecimento prévio
desta falhabilidade humana induz uma busca pelo refinamento do entendimento. Deste
modo, reforçando a tese da inexistência de uma causalidade obrigatória de
distorções, entendemos que, apesar do investigador ter uma percepção própria dos
fenômenos experenciados, baseada em suas crenças e conhecimentos prévios, e
portanto sem neutralidade, isto não implica que sua interpretação, apoiada em
técnicas e metodologias científicas, será necessariamente distorcida em relação
à realidade empírica.
“O
mundo é minha representação. Esta é uma verdade que vale em relação a cada ser
que vive e conhece, embora apenas o homem possa trazê-la à consciência
refletida e abstrata. E de fato o faz. Então nele aparece a clarividência
filosófica. Torna-se-lhe claro e certo que não conhece sol algum e terra
alguma, mas sempre apenas um olho que vê um sol, uma mão que toca uma terra.
Que o mundo a cercá-lo existe apenas como representação, isto é, tão-somente em
relação a outrem, aquele que representa, ou seja, ele mesmo. – Se alguma
verdade pode ser expressa a priori, é essa, pois é uma asserção da forma de toda
experiência possível e imaginária, mais universal que qualquer outra, que
tempo, espaço e causalidade, pois todas essas já a pressupõem; e, se cada uma
dessas formas, conhecidas por todos nós como figuras particulares do princípio
da razão, somente valem para uma classe específica de representações, a divisão
entre sujeito e objeto, ao contrário, é a forma comum de todas as classes,
unicamente sob a qual é em geral
possível pensar qualquer tipo de
representação, abstrata ou intuitiva, pura ou empírica. Verdade alguma é,
portanto, mais certa, mais independente de todas as outras e menos necessitada
de uma prova de que esta: o que existe para o conhecimento, portanto o mundo
inteiro, é tão somente objeto em relação ao sujeito, intuição de quem intui,
numa palavra, representação. Naturalmente isso vale tanto para o passado e o
futuro, tanto para o próximo quanto para o distante, pois é aplicável até mesmo
ao tempo, bem como ao espaço, unicamente nos quais tudo se diferencia. Tudo o
que pertence e pode pertencer ao mundo está invariavelmente investido desse
estar-condicionado pelo sujeito, existindo apenas para este. O mundo é
representação." (Schopenhauer, 2005)
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