Apresentação


Este blog destina-se a profissionais, estudantes e demais interessados nas áreas da Ciência da Informação, Arquitetura da Informação, Ciência da Computação, Tecnologia da Informação e História da Ciência, constituindo-se como um espaço para a publicação e discussão de temas que contribuam para a compreensão e desenvolvimento destas áreas

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A subjetividade do conhecimento - II


No contexto científico das ciências sociais aplicadas, apesar da objetividade não poder ser alcançada plenamente, deve permanecer como um ideal platônico a ser atingido, considerando-se que o refinamento da pretensão de verdade seja um processo dinâmico regulado por aproximações sucessivas à realidade objetiva, a medida que as fontes de informação são revisitadas.
Grande parte das interpretações e consequentes entendimentos e decisões cotidianas, instigados pela imersão em um oceano de dados a que somos submetidos diariamente, são baseadas em processos intuitivos mal adaptados à situações que envolvam subjetividade, incerteza e informações incompletas ou de má qualidade. Cada um de nós tem sua própria visão de mundo, formada por crenças, paradigmas e dogmas, que atuam como filtros durante o processamento de nossas percepções. Situações e eventos contra-intuitivos, associados a percepções nem sempre atreladas ao que podemos denominar de realidade, são fatores que comumente nos levam a cometer erros de entendimento (MLODINOW, 2009a).
Apesar do caráter subjetivo da representação do mundo pelo sujeito, conforme proposto pela fenomenologia, cabe ressaltar que esta subjetividade não implica necessariamente que imprecisão e distorção, com a semântica pretendida neste texto, de interpretação divergente dos fenômenos observados, alterando seu sentido, significado ou intencionalidade, sejam inerentes a todo conhecimento apreendido do mundo empírico. A subjetividade do conhecimento, no âmbito das Ciências Sociais, confere uma circunstância contextualizante, mas não determinante para a ocorrência de imprecisões e distorções na representação deste conhecimento. Neste sentido, a distorção é caracterizada pelo conflito de Interpretações, individuais ou coletivas, divergentes da realidade objetiva.
Adicionalmente ao caráter não determinante da subjetividade para a ocorrência de distorções, a visão hermenêutica de Gadamer, para o qual “o fato de que pode haver múltiplas interpretações de um texto não destrói a identidade de um texto, nem exclui leituras totalmente inadequadas e errôneas, daquelas que destroem o texto” (SOKOLOWSKI, 2004), confere um caráter de independência entre as possíveis interpretações de um texto e o próprio texto.

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