No contexto
científico das ciências sociais aplicadas, apesar da objetividade não poder ser
alcançada plenamente, deve permanecer como um ideal platônico a ser atingido,
considerando-se que o refinamento da pretensão de verdade seja um processo
dinâmico regulado por aproximações sucessivas à realidade objetiva, a medida
que as fontes de informação são revisitadas.
Grande parte das interpretações e
consequentes entendimentos e decisões cotidianas, instigados pela imersão em um
oceano de dados a que somos submetidos diariamente, são baseadas em processos
intuitivos mal adaptados à situações que envolvam subjetividade, incerteza e
informações incompletas ou de má qualidade. Cada um de nós tem sua própria
visão de mundo, formada por crenças, paradigmas e dogmas, que atuam como
filtros durante o processamento de nossas percepções. Situações e eventos
contra-intuitivos, associados a percepções nem sempre atreladas ao que podemos
denominar de realidade, são fatores que comumente nos levam a cometer erros de
entendimento (MLODINOW, 2009a).
Apesar
do caráter subjetivo da representação do mundo pelo sujeito, conforme proposto pela
fenomenologia, cabe ressaltar que esta subjetividade não implica
necessariamente que imprecisão e distorção, com a semântica pretendida neste
texto, de interpretação divergente dos fenômenos observados, alterando seu
sentido, significado ou intencionalidade, sejam inerentes a todo conhecimento
apreendido do mundo empírico. A subjetividade do conhecimento, no âmbito das
Ciências Sociais, confere uma circunstância contextualizante, mas não
determinante para a ocorrência de imprecisões e distorções na representação
deste conhecimento. Neste sentido, a distorção é caracterizada pelo conflito de
Interpretações, individuais ou coletivas, divergentes da realidade objetiva.
Adicionalmente
ao caráter não determinante da subjetividade para a ocorrência de distorções, a
visão hermenêutica de Gadamer, para o qual “o
fato de que pode haver múltiplas interpretações de um texto não destrói a
identidade de um texto, nem exclui leituras totalmente inadequadas e errôneas,
daquelas que destroem o texto” (SOKOLOWSKI, 2004), confere um caráter de
independência entre as possíveis interpretações de um texto e o próprio texto.
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